O fundo de emergência é uma reserva financeira resguardada para imprevistos. Caso não tenha entendido o conceito, responda à seguinte pergunta: Você já se deparou com uma situação em que um acontecimento inesperado te trouxe muita dor de cabeça e vários problemas financeiros? Provavelmente sim, e é o que chamamos de imprevistos.
Como o próprio nome diz, os imprevistos não dão um aviso prévio, portanto, cabe a cada um se preparar para o que pode vir. Assim, o fundo de emergência te ajudará a resolver um problema financeiro inédito, evitando que você precise recorrer a empréstimos ou condições semelhantes. Ter uma reserva financeira de emergência traz segurança para o dia a dia, tanto de trabalhadores, independente do ramo, quanto para empreendedores e empresários.
Assim, se o seu negócio foi impactado negativamente devido à pandemia, que pegou muitos de surpresa, você provavelmente já entendeu a importância do fundo de emergência. Queda nas vendas, aumento de gastos, demissão de funcionários, são todos parte da realidade de muitos negócios, e que poderiam ser amenizados se contassem com um fundo de emergência.
Além da pandemia, é possível minimizar esses problemas através de um planejamento financeiro. É fundamental em uma empresa ter dados sobre as entradas e saídas, tanto para fazer um controle quanto para cortar gastos, quando necessário.
Planejamento Financeiro
O Planejamento Financeiro (PF) é uma ferramenta para controlar as finanças das empresas através da projeção de suas receitas e despesas futuras. A partir dele é possível acompanhar as entradas e saídas da empresa, planejar seu desempenho e estabelecer planos de ação para atingir as metas definidas. Mas o que isso tem a ver com fundo de emergência?
Adiante, você verá que ter um planejamento te ajudará muito na construção do fundo de emergência da sua empresa. A base para o cálculo do fundo de emergência é parte básica do planejamento financeiro, responsável por dar todo o suporte necessário para o desenvolvimento do negócio. Por mapear as receitas e despesas da empresa, o que aconteceu e o que irá acontecer, o PF contém o necessário para o planejamento do fundo de emergência.
Como criar um fundo de emergência
Ao entender a importância do fundo de emergência, é necessário seguir alguns passos antes de definir quando e quanto começar a poupar. É importante, antes de mais nada, olhar para a atual situação do seu negócio e entender em que condições ele está, para saber onde é possível diminuir gastos. Não é o intuito do fundo de emergência esperar as vendas aumentarem para que ele comece.
1. Gastos desnecessários
O fundo de emergência é uma forma de assegurar seu negócio de imprevistos, portanto, diz respeito ao seu comportamento perante ao próprio negócio. Evitar gastos desnecessários é um hábito que qualquer empreendimento deve ter para aumentar o lucro e evitar perdas. Assim, busque no seu negócio aquele produto que não tem mais saída e você continua comprando para o caso de alguém querer, ou corte alguma despesa que já não faz tanto sentido na empresa. Avalie seu negócio, você encontrará onde diminuir os gastos.
2. Planejamento
Além de evitar gastos desnecessários, é importante que você planeje e preveja seus gastos futuros, e documentá-los para não se esquecer. Esses gastos podem ser um fornecedor de um produto que vem todo mês, um imposto ou um empréstimo que você contraiu para desenvolver melhor o negócio. Saiba para onde seu dinheiro está indo, e porque já determinada saída todo mês. A falta de um planejamento traz surpresas que poderiam ser previstas, então entenda suas despesas.
3. Dívidas
Foi citada anteriormente a contração de um empréstimo, mas as dívidas não precisam se resumir a isso. Uma dívida pode ser uma simples conta atrasada, mas que se não quitada, trará complicações ao negócio. É comum algumas pessoas considerarem uma dívida pequena como algo simples que pode ser pago a qualquer momento, e é onde se inicia o descontrole. Se tiver dívidas, pague-as. Quite como o seu negócio puder, pois o fundo de emergência só pode ser criado se o negócio não estiver endividado.
Esses são alguns princípios básicos que devem ser observados antes de criar um fundo de emergência. Uma vez observados, é possível partir para a prática, de fato.
Os 4 passos para começar a poupar
1. Orçamento bem definido
Se você já fez seu planejamento financeiro, essa etapa será simples, pois é o momento de colocar no papel todas as despesas do negócio. Caso ainda não tenha feito, basta definir todos os gastos do negócio, sejam eles fixos ou variáveis. Considere os gastos que acontecem todo mês, aqueles que você paga só de vez em quando e alguns que já te surpreenderam antes. Tente deixar seus gastos o mais previsível possível.
Um orçamento bem definido será peça fundamental para definir o valor do fundo de emergência. Portanto, caso tenha dificuldades, a PUC Consultoria Júnior disponibiliza uma planilha financeira gratuita nesse link, que irá te ajudar a definir e controlar seus gastos.
2. Determinando o valor do fundo
Uma vez calculados todos os gastos do seu negócio, é possível definir o valor do fundo de emergência. Antes, é preciso dizer que, o fundo de emergência é calculado considerando que a empresa poderia passar por um semestre inteiro sem receitas, e deve ser criado para continuar a se manter financeiramente até as coisas melhorarem. Portanto, é preciso ter uma quantidade limite, que será definida agora.
Para calcular o valor do fundo de emergência, é necessário multiplicar os gastos mensais por 6, que é referente aos seis meses já mencionados. Caso seu negócio apresente grandes variações nos lucros, esse valor pode ser multiplicado por 12.
Assim, se o negócio tiver, por exemplo, um gasto mensal de R $1.500,00, seu fundo emergencial será de R$9.000,00. Se o negócio for do tipo que lucra quantias muito altas em um mês e fica no vermelho nos próximos dois meses, ele apresenta grandes variações no faturamento, e seu fundo de emergência seria de R$18.000,00.
3. Quando e quanto
Tendo em vista o valor do fundo de emergência, o próximo passo é definir quando você pretende alcançá-lo e quanto poupará por mês para conseguir. O primeiro diz respeito ao prazo de alcance, e o segundo à quantidade dispendida. Seguindo o princípio dos gastos desnecessários, e supondo que você já os identificou, será mais fácil definir quanto você poupará por mês e posteriormente calcular em quanto tempo irá atingir o objetivo.
Se o fundo de emergência for como o exemplo anterior, tem-se um valor de R $9.000,00 como objetivo. Se no cálculo dos gastos desnecessários você conseguiu liberar R $300,00 e definiu que esse será o valor que irá poupar, você alcançará seu objetivo em 30 meses, ou seja, em 2 anos e meio.
Caso seu foco seja no prazo e supondo que seu objetivo é ter seu fundo de emergência pronto em 1 ano e meio (18 meses), você terá que poupar um valor mensal de R $500,00. Ao fim do prazo estabelecido, seu fundo de emergência estará pronto para te proteger de imprevistos.
4. Investir
Você já sabe quanto irá poupar por mês, já conhece seus gastos e sabe em quanto tempo terá o fundo de emergência pronto. Ok, mas o que fazer com esse dinheiro que está juntando? Investir.
O fundo de emergência se trata de um valor reserva, portanto, não é objeto de movimentações financeiras, nem deve ser. O fundo de emergência precisa ficar guardado, para quando realmente houver uma emergência.
No entanto, ficar guardado não significa que você não possa investi-lo, desde que se atente a dois pontos: investimento de baixo risco e liquidez diária. Faz muito sentido investir esse dinheiro, mas ele deve estar disponível a qualquer momento que você precisar e não pode estar sujeito a riscos. Dessa forma, seguem alguns exemplos de investimentos seguros:
Tesouro Direto
O Tesouro Direto é um investimento de renda fixa que é composto por títulos emitidos pelo próprio governo. Por esse motivo, costuma ter uma rentabilidade maior do que a poupança, que é a opção menos indicada. No Tesouro Direto, os investidores emprestam dinheiro ao governo adquirindo títulos públicos, que podem ser vendidos a qualquer momento, pois são recomprados pelo governo, que retribui o empréstimo com um acréscimo de uma taxa de juros.
Certificado de Depósito Bancário (CDB)
Os CDBs são títulos emitidos por bancos, onde os correntistas emprestam dinheiro para essas instituições e recebem um retorno com juros. É semelhante ao Tesouro Direto, podem ser vendidos rapidamente e são de baixo risco. O CDB ainda conta com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que é uma garantia ao investidor. O FGC cobre até R$250.000,00 investidos por CPF no caso da falência da instituição.
Fundos de Renda Fixa
Os fundos de renda fixa são carteiras com investimentos concentrados, majoritariamente, em renda fixa. Esse fator, aliado ao fato de que esses fundos são administrados por profissionais, é que lhe garantem um baixo risco e uma boa opção de investimento, uma vez que sua rentabilidade costuma ser satisfatória. Porém, por não contar com a garantia do FGC, é importante se atentar aos produtos que o fundo investe e à satisfação das pessoas que o compraram.
Seja qual for o investimento escolhido, sempre se atente a investimentos de baixo risco e liquidez diária. Procure conhecer melhor sobre as condições de cada um e opte pela mais segura e confiável.
Uso do fundo de emergência
O intuito do fundo de emergência é tirar o negócio do sufoco em situações que não eram esperadas. O valor não deve ser usado para repor mercadorias, por exemplo, a não ser que o futuro do negócio dependa disso e você não tenha outra fonte de renda para usar. Também não é para implementar novidades nos negócios, restrinja seu uso para emergências.
Imagine que Eduardo, um comerciante local do bairro de Lourdes, tenha poucos clientes, porém fidelizados. Dessa forma, seu negócio vai bem e sua renda é razoavelmente previsível. Suponha que, com a pandemia da Covid-19, Eduardo teve que fechar suas portas por um mês. Ele não está vendendo, mas ainda precisa pagar as despesas básicas, como aluguel, conta de água e luz, por exemplo.
De onde Eduardo tiraria o dinheiro se ele não imaginava que aconteceria uma pandemia? Ele só poderia manter o negócio com o fundo de emergência, considerando que ele tinha um. Mesmo após a reabertura do negócio, as vendas estão muito fracas e os clientes estão voltando gradualmente. Eduardo tem provisões para seis meses, portanto poderia manter sua mercearia pelos próximos 5 meses ainda, caso os clientes não voltassem nos primeiro meses.
Esse é um exemplo de como o fundo de emergência pode ser útil. Pode ser usado também em casos em que um aparelho essencial ao negócio é muito danificado. Para não prejudicar o desempenho da empresa ou empreendimento, uma parte do fundo de emergência pode ser utilizada para o conserto, sem que haja prejuízos nas finanças. Posteriormente, esse valor seria reposto e o negócio se manteria seguro para o caso de outros imprevistos.
Conclusão
O fundo de emergência é essencial para todo e qualquer negócio, tanto para empresas de pequeno a grande porte quanto para o microempreendedor individual. Todos estão sujeitos a imprevistos, e estar preparado para eles é a melhor forma de manter a sustentabilidade do negócio. A criação do fundo começa o resguardo de valores mensais, dentro da realidade financeira da empresa, que seguem até que o objetivo seja atingido.
O hábito de poupar e pensar no futuro do negócio é um comportamento saudável que diz sobre o desenvolvimento do negócio. Olhar para o interior da empresa e conhecer as entradas e saídas e onde o dinheiro pode ser poupado, muda a perspectiva do empreendedor e o faz tomar decisões mais assertivas.
Por fim, foi apresentado a importância do planejamento financeiro, e como ter um orçamento previsível pode te ajudar para além do fundo de emergência, mas também controlando gastos e definindo metas de crescimento para o negócio. A PUC Consultoria Júnior conta com serviços na área de finanças para ajudar empreendedores a montar um negócio mais seguro financeiramente e auxiliar no controle de gastos de negócios já existentes.
Caso tenha se interessado pelo conteúdo e gostaria de ter mais controle sobre o seu negócio, entre em contato com a gente!
Texto escrito por Heloísa Victória, consultora de projetos da PUC Consultoria Jr.