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Cooperativa de Crédito: o que é e como funciona

Cooperativa de Crédito o que é e como funciona

Selecionar um banco para tomar conta de suas economias e realizar suas operações financeiras é uma tarefa que exige muito tempo e atenção de qualquer pessoa. Segundo a Agência Brasil, em 2015, 86,5 milhões de brasileiros possuíam uma conta no banco, a grande maioria desses, com contas em um dos cinco principais do país (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Bradesco, Santander). A cooperativa de crédito é caracterizada por ser de propriedade de um número pequeno de pessoas e a busca pelo máximo de retorno possível. Por meio das movimentações monetárias de seus clientes, que não possuem poder de decisão sobre a forma de atuação do banco com o qual operam. Apenas usufruindo de seus serviços e pagando um preço estabelecido.

Contudo, o que muitos não sabem é que existe outra forma de obter crédito além das gigantescas instituições bancárias e das centenas de organizações financeiras especializadas em algum nicho do mercado. Essa opção são as Cooperativas de Crédito, mas o que exatamente seriam essas Cooperativas?

O que é uma Cooperativa de Crédito?

Uma Cooperativa de Crédito é uma instituição financeira formada por uma associação voluntária de pessoas com o objetivo de realizar serviços financeiros exclusivamente aos seus associados. Diferentemente dos bancos, nesses negócios, qualquer pessoa que invista dinheiro neste estabelecimento torna-se um sócio. Participando de sua gestão, usufruindo de suas funções e possuindo igual direito de voto independentemente da sua cota de participação.  Além disso, o capital investido pode ser resgatado quando o sócio decide sair da cooperativa.

 Os sete princípios do Cooperativismo

O Cooperativismo muitas vezes é simbolizado por um arco-íris, com cada uma de suas cores representando um princípio que rege os valores das cooperativas. Assim, Com o intuito de manter um padrão ao redor do mundo, em congressos coordenados pela Aliança Cooperativa Internacional – ACI, a lista de 1995 definiu estas diretrizes como fundamentais para a atuação de qualquer Cooperativa:

1.    Adesão livre e voluntária

As cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades como membros. Sem discriminação de sexo ou gênero, social, racial, política e religiosa.

Por tanto, isso significa que, qualquer cidadão tem direito a cooperar quando quiser, e, retirar sua contribuição quando desejar. Não se cogitando que alguém possa ser obrigado a participar do negócio ou compelido a permanecer no mesmo. Este princípio tem a ver imediatamente com os valores da liberdade e da igualdade.

2.    Gestão Democrática

 As cooperativas são organizações democráticas, controladas pelos seus membros, que participam ativamente na formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Os homens e as mulheres, eleitos como representantes dos demais membros, são responsáveis perante estes. Nas cooperativas de primeiro grau, os membros têm igual direito de voto (um membro, um voto); as cooperativas de grau superior são também organizadas de maneira democrática.

Então, significa dizer que as Cooperativas são regidas por valores democráticos, pressupondo uma atuação responsável de todos os membros. Com esses, possuindo o direito e o dever de participar de todas as decisões da assembleia geral (órgão social máximo da sociedade). Selecionando seus líderes e podendo opinar sobre os rumos do negócio. O princípio em questão dá vida aos valores da democracia, da igualdade, da transparência e da responsabilidade.

3.    Participação Econômica

Os membros contribuem equitativamente para o capital das suas cooperativas e controlam-no democraticamente. Parte desse capital é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os membros podem receber, habitualmente, havendo condições econômico-financeiras para tanto, uma remuneração sobre o capital integralizado, como condição de sua adesão. Os membros destinam os excedentes a uma ou mais das seguintes finalidades: desenvolvimento da cooperativa, possibilitando a formação de reservas, em parte indivisíveis; retorno aos sócios na proporção de suas transações com as cooperativas e apoio a outras atividades que forem aprovadas pelos associados.

Uma Cooperativa de Crédito só pode iniciar por meio da formação e do incremento de sua estrutura patrimonial. Portanto, é dever do associado, como contrapartida dos benefícios operacionais, contribuir para a formação do capital do negócio. 

Assim, Além da contribuição para a poupança, os associados têm o dever de operar com a sua cooperativa, já que são donos do empreendimento. Graças a sua participação econômica, o filiado tem direito à sua devida recompensa, com a distribuição do resultado proporcionalmente às operações realizadas no período. Os excedentes, também podem ser direcionados à formação de reservas. Servindo para o sustento da instituição em períodos de “vacas magras” e ao desenvolvimento das atividades da cooperativa. A aplicação deste princípio torna efetivos os valores da responsabilidade e da solidariedade.

Com um controle e uma visão melhor de todos os seus custos e bens fica muito mais fácil saber o quanto você pode investir em algum produto ou serviço. Para isso, nosso texto sobre Balanço Patrimonial pode ajudar muito nessa questão.

4.    Autonomia e Independência

As cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos seus membros. Se firmarem acordos com outras organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem a capital externo, devem fazê-lo em condições que assegurem o controle democrático pelos seus membros e mantenham a autonomia da cooperativa.

O empreendimento necessita ser blindado com o objetivo de evitar ingerência política ou de qualquer força exterior ao meio social. Nesse sentido, o sucesso ou falta dele deve afetar unicamente os associados e, como a gestão é formada apenas por pessoas ligadas ao negócio, não se cogita influências externas que possam prejudicar a coletividade dos cooperados.

Resumindo, isso significa que qualquer tratativa negocial ou iniciativa que envolva a participação das pessoas, entidades ou órgãos externos não pode afetar o controle (democrático) pelos próprios associados, causar-lhes prejuízo ou tratamento injusto e nem implicar privilégios ou favores aos administradores ou executivos das cooperativas. O princípio em questão refere-se aos valores da democracia, transparência e honestidade.

5.    Educação, Formação e Informação

As cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos e dos trabalhadores, de forma que estes possam contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento das suas cooperativas. Informam o público em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação.

É de fundamental importância para o desenvolvimento e sobrevivência do negócio que os associados estejam preparados e conscientizados sobre as especificidades e os apelos do cooperativismo. Não é possível que uma cooperativa consiga desenvolver-se sem que as pessoas chave dominem e respeitem os valores dessa atividade.

Assim Caso um associado não tenha noção suficiente sobre sua cooperativa e seja pouco ativo em sua entidade, no menor sinal de perigo, ele a abandonará. Esse tipo de acontecimento é comum em negócios que não se esforçam no cumprimento deste princípio.

Assim, o princípio relaciona-se imediatamente com os valores da transparência e da responsabilidade, esclarecido, no entanto, que os programas/conteúdos que o levam à prática têm de ocupar-se de todos os

valores.

6.    Intercooperação

As cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus membros e dão mais força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto, através das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais. 

Para o crescimento de uma Cooperativa de Crédito, é benéfico para todos uma intercooperação entre as empresas de mesmo piso, utilizando de operações e serviços de outras entidades coirmãs de diferentes ramos. Ademais, devem ser feitos esforços para que as cooperativas se organizem em federações e confederações, permitindo um ganho de escala – graças ao aumento da força do conjunto – e a economia de escopo – já que haverá redução dos gastos de estruturas.

Por isso, Uma melhora no padrão e nas soluções também é uma das consequências dessa integração, já que, haverá mais investimento nos produtos e nos serviços com a diminuição nos custos da infraestrutura do negócio.  Além de uma maior sensação de solidez, aumentando a sensibilização, apoio e adesão à causa.

Assim, a intercooperação é uma das formas pelas quais se pratica o valor da solidariedade, já que é de interesse (na sua concepção mais nobre) de qualquer cooperativa que as entidades coirmãs do mesmo e de outros ramos se desenvolvam e se mantenham saudáveis.

7.    Interesse pela Comunidade  

 As cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos membros.

Assim Cooperativas e coletividades locais vinculam-se, exercendo atração recíproca. Graças aos seus princípios e sua vocação socioeconômica, o empreendimento cooperativo tem todo o direito de avocar para si a qualificação de melhor iniciativa socioeconômica de caráter comunitário.

Pensando nisso, as cooperativas têm a obrigação de conduzir-se para o desenvolvimento da comunidade e para o bem-estar da população, respeitando suas peculiaridades sociais e a vocação econômica do local. Resumindo, as cooperativas devem atuar com o objetivo de uma melhora na qualidade de vida das pessoas dentro de suas áreas de atuação.

Além disso, é interessante ressaltar que as cooperativas não apenas apoiam projetos de grande valor econômico, mas também tentem enxergar suas óticas sociais e ambientais. Evitando, dessa forma, ações mercantilistas, lembrando-se de não ter o lucro como objetivo principal, e, respeitando o ambiente econômico e natural da região em que a cooperativa se encontra. O princípio associa-se diretamente ao valor da responsabilidade socioambiental.

Como Funciona uma Cooperativa de Crédito

Em questão de serviços, os cooperados encontram os principais serviços disponíveis em bancos, como conta corrente, aplicações financeiras, cartão de crédito, transferências por DOC e TED, efetivação de compensação de boletos e de folha de salário, cobranças de documentos, recebimento de contas de gasto, boletos de tributos, recolhimento de depósitos a prazo empréstimos e financiamentos. Algumas instituições disponibilizam opções de vendas de seguros de vida e de bens, como consórcios, previdência privada e até plano de saúde.

Assim, os depósitos em Cooperativas de Crédito têm a garantia do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop). Esse fundo garante os depósitos e os créditos mantidos nas cooperativas singulares de crédito e nos bancos cooperativos em caso de intervenção ou liquidação extrajudicial dessas instituições.

Além disso, existem as assembleias. Essas são ocasiões em que os cooperados se reúnem para definir o futuro da entidade. Assim, elegendo seus representantes, decidem onde alocar seus recursos e outras deliberações.

Então, ao final do ano, no caso de um superávit, as sobras podem ser repartidas entre todos os associados, ou reinvestidas no negócio com o objetivo de expandir e aprimorar as atividades da cooperativa.

As vantagens de uma Cooperativa de Crédito

Além das vantagens já citadas anteriormente de se associar a uma Cooperativa de Crédito, existem ainda vários outros motivos para se juntar a esse tipo de negócio. Entre eles:

Taxas de juros menores: as cooperativas de crédito oferecem crédito com taxas de juros mais baixas e, muitas vezes, não cobram tarifas pelos seus serviços, e mesmo quando cobram, são inferiores às cobradas pelos bancos.

Rendimentos normalmente superiores ao mercado: o associado pode aplicar seu capital em uma cooperativa sob a forma de um depósito a longo prazo, com rendimentos geralmente superiores aos oferecidos pelo mercado financeiro. Além do mais, a cooperativa goza de isenção tributária, não sendo obrigada ao recolhimento de depósitos compulsórios como os bancos, permitindo maior taxa de retorno aos sócios. Se tem dúvidas sobre qual regime tributário seu negócio se localizaria, acesse nosso texto sobre Lucro Presumido .

 Melhor atendimento: os cooperados são tratados no negócio não apenas como simples clientes, mas como donos da instituição. Ademais, fará negócios em uma instituição que lhe devolverá, via rateio de sobras, juros e tarifas pagas a mais do que o devido. Essas sobras podem ser em dinheiro ou em aquisição de mais cotas-partes, dependendo da decisão da Assembleia.

Diferenças entre Bancos e Cooperativas

          Existem diversas características que diferenciam bancos, de cooperativas de crédito, entre elas:

Bancos Cooperativas de Crédito
São sociedades de capital São sociedades de pessoas
Poder de cada um varia pelo número de ações Cada pessoa, um voto independentemente do número de cotas
Deliberações concentradas Deliberações partilhadas entre diversas pessoas
Administração por terceiros Administração pelos associados
O usuário é apenas um cliente O usuário é um dono
O usuário não tem influência nas decisões dos produtos e preços Toda a política operacional é decidida pelos associados
Usuários são tratados de forma diferente Não é permitido distinguir os usuários
Dão preferência a pessoas com maior renda Servem a todos os públicos
Mesmo sem limitações geográficas, concentram-se nos grandes centros Possuem forte atuação até em áreas mais remotas.

Como posso entrar em uma Cooperativa de Crédito?

Para entrar na maioria das Cooperativas de Crédito do país é necessário o investimento de um valor mínimo de R$100,00, valor que pode ser retirado caso o sócio deseje sair do negócio. Esta primeira quantia é simbólica, com o associado tendo a possibilidade de investir mais ao longo do tempo. Entre os documentos para abrir uma conta estão: comprovante de residência recente (dois últimos meses); documento oficial com foto; CPF; comprovante de renda; se for casado, certidão de casamento (e documentos do cônjuge – CPF e RG)

Também é importante selecionar uma cooperativa que tenha a ver com seus interesses e objetivos. Logo, é relevante escolher o ramo cooperativo no qual você deseja atuar. Segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), existem 13 ramos atuantes no Brasil: Agropecuárias, de consumo, de crédito, educacionais, Habitacionais dentre outas.

Por isso, seguindo o princípio 5 do Cooperativismo (Educação, formação e informação), é de fundamental importância que o associado leia o estatuto social com cuidado e tire todas suas dúvidas antes de associar-se.

Vale a pena investir?

Conforme foi analisado no texto, existem inúmeras vantagens de se tornar um associado em uma Cooperativa de Crédito e, muitas vezes, esses negócios conseguem ser mais benéficos do que bancos ou instituições financeiras em questão de serviços, tratamento com o cliente e retorno monetário. Porém, é fundamental que o indivíduo pesquise e se informe mais sobre o tema antes de se tornar um cooperado, para garantir que seu investimento esteja sendo bem utilizado e indo para um empreendimento de seu interesse.

Para isso, o livro, “Cooperativismo de crédito ontem, hoje e amanhã”, pode ajudar muito a entender mais sobre esse tipo de negócio.

Além disso, se estiver com dificuldades em seu empreendimento, ou não sabe se vale a pena investir seu dinheiro em algo, acesse nosso texto sobre Planejamento Financeiro . Ademais, lembre-se que a PCJ fornece o serviço de plano de negócios para interessados, além de possuir múltiplos textos gratuitos com conteúdo mais técnicos como esse e que podem ajudar seu negócio.

Publicado em:: 08/03/2021 / Categoria: CONSULTORIA E ASSESSORIA, FINANÇAS, Sem categoria /

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